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Compota de maracujá

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Os noticiários estampam manchetes preocupantes: dólar se aproxima dos seis reais; o número de casos de COVID 19, no Brasil está próximo ao cem mil; as mortes passam de cinco mil (número provavelmente ultrapassado, hoje); em meio à pandemia, o comércio e a indústria reabrem em várias cidades; o Ministério da Saúde elabora plano para reabertura da economia (o termo distanciamento social caiu em desuso nas coletivas); os mortos estão sendo enterrados empilhados, em Manaus; outras cidades seguem o caminho do colapso; a população "protegida" sob máscaras passeia despreocupadamente em parques e shoppings; Ministério do Meio Ambiente perdoa dívidas de desmatadores.

Além de suspeitas de toda a ordem, capazes de ruborizar os que prometeram e acreditaram na "nova política". Em meio a todo este cenário de horrores, as filas da fome crescem e levam às ruas, as mazelas de uma distribuição de renda injusta. A justificativa frágil de que agora esta população ganhou visibilidade, não convence. É o resultado do descaso praticado por outros tantos governos, apostando na seleção natural preconizada por Darwin. Sobrevirão os mais fortes! Essência que continua norteando as atuais políticas sociais e de saúde. "E, daí? Quer que eu faça o que? Não faço milagres". As frases eu ouvi textualmente do presidente da República, acompanhadas de risadas que soaram como cânticos de abutres. Se cinco mil representa uma fração pequena da população brasileira, que tal fazer alguns exercícios? Representa a queda de cinquenta aviões sem sobreviventes ou vinte tragédias de Brumadinho.

Este doloroso exercício mostra a banalização da vida. Meu coração se dilacera e as lágrimas sulcam meu rosto. Que futuro estamos construindo? Que valores de fato têm valor? Estas perguntas carregam cidadania, humanidade e empatia. E, daí? Então, para não dizer que não falei de flores, falo de maracujá. Os cientistas, que agora parecem ser importantes, perceberam que esta planta guarda muitas surpresas, além da ação tranquilizante, mais do que nunca necessária, é totalmente aproveitável (lixo zero). A polpa branca, abaixo da casca, da uma compota incrível. A receitinha vai adoçar o final de semana e o coração. O exercício de paciência e distanciamento social são essenciais neste momento. Usar a parte branca de seis maracujás firmes, cortadas em quatro. Uma ideia: em tirinhas vai ficar show! Reservar a polpa e as sementes.

Deixar as cascas de molho de um dia para o outro. Trocar a água umas três vezes (use-a para regar as plantas). Escorrer as cascas. Juntá-las a duas xícaras de chá de açúcar, três xícaras de chá de água e uma xícara de chá de suco com sementes. Tempere com cravo e canela em pau. Levar ao fogo até geleificar. Sirva gelado (por conta da liberdade poética, com sorvete). Faça uma mesa bonita. O tempo é de agrados à alma, preenchimento do coração, amenização de saudades e destoxificação.

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